Diferença de remuneração entre raças aumenta, diz IBGE; pretos e pardos são maioria em serviços domésticos (Por Matheus dos Santos e Leonardo Vieceli) - imagem divulgação -
Brancos receberam em média R$ 23,02 por hora de trabalho no Brasil em 2023, quantia 67,7% superior à da população preta ou parda (R$ 13,73). No ensino superior, nível de instrução com os maiores rendimentos e a maior diferença entre as raças, a disparidade por hora foi de 43,2%, com brancos ganhando R$ 40,24 e negros, R$ 28,11.
É o que revelam dados divulgados nesta quarta-feira (4) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os números fazem parte da Síntese de Indicadores Sociais. A publicação analisa estatísticas de fontes como a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), também produzida pelo IBGE.
Em relação a 2022, a diferença aumentou. Naquele ano, brancos receberam em média R$ 20,95 por hora de trabalho, enquanto pretos ou pardos, R$ 12,96 —uma diferença de 61,6%.
Os dados consideram todos os trabalhos desenvolvidos pelos profissionais.
No rendimento médio real por mês, brancos receberam R$ 3.847 em 2023. A quantia foi 69,6% superior à registrada entre pretos e pardos (R$ 2.264).
Segundo o IBGE, as desigualdades têm relação com o perfil de ocupação dos trabalhadores, que leva a rendimentos maiores ou menores. "Pretos ou pardos normalmente são inseridos em atividades que pagam menos, como construção, agropecuária, serviços domésticos", diz Denise Guichard Freire, uma das analistas da síntese do IBGE.
Em 2023, 45,8% dos trabalhadores pretos ou pardos atuavam em ocupações informais; a taxa, entre pessoas brancas ocupadas, foi de 34,3%. O percentual dos negros teve uma diminuição após duas elevações em 2021 e 2022 (46,3% e 46,7%, respectivamente).
Ainda de acordo com o IBGE, a proporção de informais entre mulheres pretas ou pardas (46,5%) e homens pretos ou pardos (45,4%) superou a média da informalidade no Brasil (40,7%). Mulheres brancas (34,8%) e homens brancos (34%) estavam abaixo da média.
Negros são maioria em serviços domésticos e agro; brancos em trabalhos ligados à informação
Em 2023, os trabalhadores negros foram maioria nos setores da construção (65,7%), serviços domésticos (66,1%) e agropecuária (60,9%). Os brancos tiveram maior participação em trabalhos relacionados à informação e serviços financeiros, na indústria (45,7%) e administração pública, educação, saúde e serviços sociais (48,5%).
Segundo o IBGE, as áreas da indústria, administração pública e informação tiveram rendimento médio de R$ 2.859, R$ 4.157 e R$ 4.227 em 2023. Entre os grupos de atividades listados pelo instituto, os três foram os mais bem remunerados. (Fonte: Estadão)
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