Dia Nacional de Luta contra a violência à mulher 10 de Outubro. Conheça os números alarmantes no Brasil neste post. (Por Liliana Donatelli)

A violência contra a mulher é uma realidade cruel no Brasil, afetando especialmente as mais vulneráveis. No Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher, 10 de outubro, precisamos refletir sobre os desafios que ainda enfrentamos para garantir a segurança e os direitos de todas as mulheres.

Violência contra a mulher: um relato pessoal
Cresci em um Brasil machista, racista e homofóbico. Aprendi com o tempo o que esses problemas significam. Mesmo em um ambiente familiar estável, de classe média, com boa educação e pais presentes, enfrentei situações que hoje sei que foram assédio e abuso. Naquela época, pouco se falava sobre isso. Mulheres precisavam “se dar ao respeito” e evitar “homens safados”.

Somente depois de adulta, com filhos crescidos, uma campanha nas redes sociais me fez refletir. Mulheres compartilhavam suas experiências de abuso, e só então percebi quantos episódios eu havia vivido. Desde olhares invasivos e gestos indesejados até palavras agressivas, as memórias eram muitas. E o que dizer das meninas e mulheres mais vulneráveis, que fazem parte das dolorosas estatísticas? Hoje, esses números nos ajudam a lutar por mudanças.

Os números da violência contra a mulher no Brasil
A violência afeta mais intensamente mulheres negras, de baixa renda e com pouco acesso a recursos. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em 2023 foram registrados 1.467 casos de feminicídio, a maioria relacionada à violência doméstica. A situação pode ser ainda pior, pois muitas mulheres não denunciam seus agressores por medo, vergonha ou dependência financeira.

Além disso, o machismo e a estrutura social mantêm o controle e a opressão sobre as vítimas.

Causas da violência
Embora possamos entender as origens históricas dessa violência, nada justifica sua continuidade. É crucial combater a impunidade e fortalecer redes de apoio que ajudem as vítimas a sair de situações abusivas. A Lei Maria da Penha, de 2006, foi um marco, oferecendo ferramentas contra a violência doméstica. Porém, ainda há muito a fazer. Muitas mulheres enfrentam descrédito ao denunciar.

10 de Outubro: Dia de Luta
O Dia Nacional de Luta Contra a Violência à Mulher surgiu em 1980, quando um grupo de mulheres protestou nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo contra os crimes de gênero. A Lei Maria da Penha, em 2006, foi outro marco, trazendo mecanismos para proteger as mulheres e punir agressores.

Feminicídio: o crime de gênero
O feminicídio, que é o assassinato de uma mulher por causa de seu gênero, foi tipificado em 2015. Em 2024, os números são alarmantes: até agosto, o Monitor de Feminicídios já registrava 1.178 casos consumados e 2.638 tentativas.

Qual é o nosso papel?
É comum pensarmos que a responsabilidade é sempre do outro, mas todos temos um papel na construção de uma sociedade mais justa e segura para as mulheres. Pequenas ações no dia a dia fazem a diferença: educar nossos filhos, meninos e meninas, de forma igualitária; romper com estereótipos de gênero nas brincadeiras, profissões e tarefas domésticas; e não dar espaço para atitudes machistas.

No trabalho, a igualdade salarial entre homens e mulheres é essencial. Mulheres empoderadas financeiramente têm mais liberdade para sair de relacionamentos abusivos e tomar o controle de suas vidas.

A violência contra a mulher só será verdadeiramente combatida quando todos nos comprometermos a evoluir, crescer e mudar nossas atitudes e estruturas sociais. (Fonte: Blog Biossegurança)