Três gerentes da Caixa Asset foram destituídos após se recusarem a aprovar uma operação financeira envolvendo o Banco Master que classificaram como “arriscada e atípica”
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Para entidades bancárias, atuação dos gerentes da Caixa foi "exemplar" e a retaliação, "injusta"
São Paulo – A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) e as Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Apcefs) manifestaram nesta sexta-feira (12) “profunda preocupação” diante da notícia de que três gerentes da Caixa Asset foram destituídos de seus cargos após se recusarem a aprovar uma operação financeira que julgaram arriscada e atípica.
Os funcionários que perderam os cargos são Leonardo Silva, Mariangela Fraga e Daniel Gracio. Eles eram gerentes nacionais da Caixa Asset, subsidiária responsável pela gestão de ativos do banco. Eles se colocaram contra o negócio na última sexta-feira (5). Já na segunda (8) os três sofreram as destituições de de suas funções.
Os gerentes se opuseram a uma operação de R$ 500 milhões proposta pelo diretor-presidente da Caixa Asset, Pablo Sarmento. Na operação, a subsidiária iria comprar letras financeiras (título de dívida) do Banco Master, mas a operação não oferecia as devidas garantias.
Assim, consideraram a operação imprudente e alertaram para o alto risco de insolvência. Também detalharam uma pesquisa reputacional dos executivos do Banco Master, que possuem processos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por envolvimento em crimes financeiros.
“A destituição desses empregados parece ser uma retaliação injusta, que demanda uma apuração rigorosa e imediata por parte da Caixa. Ressaltamos que a atuação dos empregados da Caixa foi exemplar, demonstrando compromisso com a integridade e segurança do banco. No entanto, estamos preocupados com possíveis ingerências e direcionamentos para negócios escusos, que devem ser investigados com seriedade”, afirmam as entidades bancárias, em nota.
Desse modo, a conselheira eleita do Conselho Administrativo da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, anunciou que tomará providências. Primeiramente, a intenção é convocar o diretor-presidente da Caixa Asset para prestar esclarecimentos sobre o caso.
Ao mesmo tempo, as entidades destacam que o episódio levanta preocupações sobre os riscos associados ao fatiamento do banco e a criação de subsidiárias. E ressaltam ainda que não desejam ver a Caixa envolvida em escândalos, como os que marcaram o passado recente, com casos de assédio moral e sexual praticados pelos mais altos cargos do banco. “Nosso compromisso é com uma Caixa Econômica Federal íntegra, totalmente pública e presente no desenvolvimento social e no impulsionamento da economia do país”.
Fonte:RBA