A Caixa registrou lucro de R$ 9,8 bilhões em 2022, redução de 43,4% em relação ao ano anterior. Já o resultado do quarto trimestre, de R$ 2,2 bilhões, representou queda de 32,5% se comparado ao terceiro trimestre. 

Ao longo do exercício de 2022, a Caixa alcançou margem financeira de R$ 50,9 bilhões, com crescimento de 11,1% em comparação a 2021.

Por outro lado, houve elevação de 41,5% nas despesas de provisão para devedores duvidosos e de 7,1% nas despesas administrativas, o que contribuiu para a redução do resultado anual.  

Além disso, o lucro de 2021 foi incrementado por uma sequência de eventos não recorrentes, dentre os quais a venda de ativos relevantes (abertura de capital da Caixa Seguridade; alienação de ações do Banco Pan; ganho com conclusão de parcerias da Caixa Seguridade e Caixa Cartões; lucro na venda de imóveis e reversão de despesas relacionadas a programas de incentivo ao desligamento de empregados), o que não aconteceu em 2022. 

A rentabilidade sobre o patrimônio líquido do banco (ROE) ficou em 8,35%, uma redução de 8,55 pontos percentuais.

No mesmo dia em que foi divulgado o balanço de 2022 da Caixa, a CEE/Caixa (Comissão Executiva dos Empregados da Caixa) esteve reunida para debater o resultado do ano passado; PLR; Saúde Caixa; entre outros pontos. Neste momento, a CEE/Caixa está reunida com representantes do banco público.

“A grande queda do lucro em 2022 prova o que o movimento sindical já alertava em 2021: que o resultado daquele ano estava ancorado na venda de ativos altamente lucrativos, como foi o caso da Caixa Seguridade, gerando uma receita imediata, mas que no longo prazo acarretaria, como ficou comprovado agora com a divulgação do balanço, em prejuízos ao banco público, ao seu importante papel social para o desenvolvimento social e econômico do país; e também aos empregados, que cumpriram suas funções com a excelência de sempre, que não têm nenhuma responsabilidade por este resultado, mas que serão impactados na PLR, na Funcef e no Saúde Caixa.” Luiza Hansen, dirigente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região

“A estratégia do governo Bolsonaro – colocada em prática principalmente na gestão Pedro Guimarães – de fatiar o banco em subsidiárias para repassá-las ao mercado inflou os números da Caixa de forma artificial, deixando em segundo plano resultados sustentáveis, o que fez com que o banco perdesse mercado em segmentos importantes, como a habitação, enquanto recursos obtidos pela venda de ativos foram drenados para o governo Bolsonaro, por meio da devolução de partes do capital do banco, os IHCD’s.” Francisco Pugliese, diretor executivo do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região

Para o diretor executivo do Sindicato, a nova gestão da Caixa, comprometida com o fortalecimento do banco e com o desenvolvimento econômico e social do país, deve trabalhar para reverter decisões da gestão anterior, sobretudo em relação ao processo de fatiamento do banco. 

“Sabemos que para concretizar a reversão deste processo colocado em prática por Bolsonaro e Pedro Guimarães existem diferentes graus de dificuldades, uma vez que contratos e compromissos foram assumidos em troca de adiantamentos de valores. Entretanto, entendemos que é fundamental para o fortalecimento da Caixa e de seu papel social a reversão deste processo de fatiamento, especialmente nas áreas que constituem sua atividade-fim”, enfatiza Chico. 

PLR 

Com a divulgação do seu balanço de 2022, a Caixa informou que a PLR será creditada ainda nesta quinta-feira 23. 

“É importante lembrar que esta segunda parcela da PLR, que será creditada hoje, leva em consideração o resultado de 2022 e o valor adiantado na primeira parcela, paga em setembro do ano passado”, esclarece Luiza Hansen. 

Também será creditada a diferença do que foi pago em setembro de 2022 em relação à PLR Social e à regra estabelecida em Acordo Coletivo de Trabalho (distribuição linear, entre todos os empregados, de 4% do lucro líquido de 2022). 

Contratações

A Caixa, que em 2014 chegou a ter 101 mil empregados, encerrou o ano de 2022 com 86.959 empregados, o que representa aumento de 955 postos de trabalho em doze meses, mas redução de 262 no quarto trimestre. Por outro lado, no ano passado o banco público ganhou 4,9 milhões de novos clientes. 

“Os empregados estão sobrecarregados, especialmente os que atuam na linha de frente do atendimento. O balanço de 2022 expõe esta realidade. O ritmo de contratações não acompanha o aumento do número de clientes. Para fortalecer a Caixa e seu papel social, reduzir a sobrecarga de trabalho e combater o adoecimento dos empregados, é necessário convocar os aprovados no concurso de 2014”, pontua Luiza Hansen. 

Somente com o que arrecada com a prestação de serviços e com tarifas bancárias, receita secundária, a Caixa cobre em 91,08% de suas despesas com pessoal, incluindo PLR. 

Outros números

A Carteira de Crédito Ampliada da Caixa teve alta de 16,7% em relação a 2021, totalizando R$ 1 trilhão. As operações de crédito comercial com pessoas físicas cresceram 23,3% em comparação ao ano anterior, somando R$ 142,1 bilhões. No segmento comercial de pessoas jurídicas, o crescimento foi de 10,3%, representando montante de R$ 89 bilhões. 

Com saldo de R$ 637,9 bilhões e participação de 63% na composição do crédito total, o crédito imobiliário cresceu 13,6% em 2022. As operações de saneamento e infraestrutura cresceram 5,7% em doze meses, totalizando R$ 99,3 bilhões. Já o crédito rural cresceu 167,5% e encerrou o ano com saldo de R$ 44,1 bilhões. A taxa de inadimplência para atrasos superiores a 90 dias foi de 2,09%, com incremento de 0,14 pontos percentuais na comparação com o ano anterior.

fonte; SEEB/SP