A Federação das Associações de Aposentados e Pensionistas do Banco do Brasil (FAABB) enviou nesta segunda-feira (6) uma representação ao Banco do Brasil cobrando explicações sobre os critérios que levaram à nomeação do sindicalista João Fukunaga para presidir a Previ. (Por Matheus Piovesana e Antonio Temóteo)
Após ser habilitado pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), o novo presidente da Previ, João Fukunaga, deve continuar sob a pressão de entidades que representam funcionários do Banco do Brasil, em especial os aposentados. Um dos próximos passos, segundo apurou o Broadcast, é fazer com que as críticas cheguem ao Tribunal de Contas da União (TCU).
Segundo fontes ouvidas pela reportagem de modo reservado, um dos caminhos possíveis é o de fazer com que deputados federais peçam ao TCU que analise a nomeação de Fukunaga. Dessa forma, o Tribunal seria obrigado a se manifestar sobre a nomeação.
Fukunaga foi habilitado pela Previc para ocupar o cargo na última segunda-feira, 27, um dia útil após ser indicado pelo BB. Essa rapidez chamou atenção de muitos dos aposentados do banco, que apontam que não haveria tempo hábil para que a entidade analisasse o currículo do novo presidente.
Como mostrou o Broadcast, Fukunaga é criticado por não ter exercido cargos no banco que lhe dariam experiência em áreas como financeiro, administrativo, contábil ou jurídico, que constam do rol de exigências da Previc para dirigentes de entidades de previdência fechada. Ele faz parte da diretoria do Sindicato dos Bancários de São Paulo desde 2012.
“Suspeita-se que essa indicação e nomeação remete a interesses políticos, dissociados dos interesses maiores da Previ e seus beneficiários, em especial do Plano 1, plano fechado, em estágio de recebimento de benefícios, para os quais contribuíram por toda a vida laboral”, afirma uma das manifestações que devem ser encaminhadas aos deputados, a que a reportagem teve acesso.
Há temor de interferência na política de investimentos da Previ
O temor de interferência na política de investimentos da Previ evoca casos como o da Sete Brasil, empresa de sondas de exploração de petróleo que entrou em recuperação judicial em 2016. Em outros fundos de pensão, investimentos errados feitos durante gestões do PT à frente do governo federal obrigaram os aposentados a pagarem cotas mensais para cobrir os rombos. Fukunaga recebeu um apoio na sexta-feira, dia 3: o de Sérgio Rosa, presidente da Previ entre 2003 e 2010.
“Poucas atividades prévias preparam realmente uma pessoa para a gestão de uma entidade como a Previ”, escreveu ele, em artigo publicado no site da entidade Associados Previ.
“A capacidade de liderança, de construção coletiva da gestão, de aprendizado das especificidades da Previ e, sobretudo, a compreensão da responsabilidade fiduciária, para mim são as questões fundamentais para um bom gestor. Pelo que conheço do novo presidente da Previ, João Fukunaga, creio que preenche esses requisitos, creio que demonstrou grandes qualidades no exercício das suas atividades, conquistou o respeito e o reconhecimento que levaram à sua indicação e acredito, portanto, que tem tudo para fazer uma ótima gestão em conjunto com os demais diretores e colaboradores da Previ”, escreveu.
Nomeação é vista com “mau passo” entre ex-executivos do banco
Entre ex-executivos do BB, a nomeação é vista como um “mau passo” na relação entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e entidades ligadas aos funcionários do banco. “Botar um cara sindicalista e totalmente despreparado é um absurdo e um gol contra. Vai despertar a preocupação e a vigilância sobre as decisões”, diz um deles, sob anonimato.
Conforme apurou o Broadcast, a indicação de Fukunaga teria partido de José Ricardo Sasseron, vice-presidente de Governo e Sustentabilidade Empresarial do BB na atual gestão. Ele foi diretor de seguridade da Previ entre 2006 e 2012, e passou pelos conselhos de algumas das investidas da entidade, como a mineradora Vale. A nomeação de Fukunaga levou a comparações nos bastidores.
Segundo fontes, contrasta com a de Cláudio Fortes Said para a Cassi, o plano de saúde dos funcionários do banco. “Ele é qualificado, nós estamos aplaudindo a indicação”, disse uma das fontes, reservadamente. Outras destacam que no Postalis, o fundo de pensão dos Correios, foi aberto um processo seletivo externo para o cargo de presidente, com postagens inclusive no LinkedIn da entidade. As exigências são as mesmas previstas na regulamentação da Previc.
BB e Previ dizem que nomeação atendeu exigências
Procurado, o BB informou que “a indicação de João Luiz Fukunaga foi aprovada pelos ritos de governança com decisões colegiadas tanto no BB e como na Previ, atendendo a todas as exigências previstas nos processos de Elegibilidade de ambas instituições”, e que foi aprovada pela Previc. O banco não comentou a informação sobre o papel de Sasseron na indicação.
A Previ reiterou que a indicação de Fukunaga foi referendada pela Previc. “O processo seguiu as regras do órgão regulador, segundo as quais o exercício de cargos na Diretoria Executiva está condicionado ao prévio envio de documentação comprobatória. Fukunaga cumpriu todos os requisitos para receber o atestado”, disse a entidade, em nota. (Fonte: Estadão)
Fonte: Notícias Feeb/PR