Em igual período de 2021, o banco havia reportado ganhos de R$ R$ 3,170 bilhões, lucro em 2022, porém, foi de R$ 20,7 bilhões (Por André Catto e Isabela Bolzani, g1) - foto Paulinho Costa feebpr -
O Bradesco registrou um lucro líquido contábil de R$ 1,437 bilhões no quarto trimestre de 2022, segundo balanço divulgado nesta quinta-feira (9). É o pior resultado trimestral em mais de 15 anos – no terceiro trimestre de 2006, o banco lucrou R$ 219 milhões, de acordo com dados da TradeMap.
Em relação ao mesmo período do ano passado (R$ 3,170 bilhões), o lucro caiu 54,7%.
O resultado sente os impactos do escândalo contábil reportado pela Americanas no início deste ano. A varejista deve mais R$ 4 bilhões para o banco.
"Com os recentes eventos envolvendo um cliente Large Corporate específico, ocorridos no início de 2023, a Administração reavaliou os riscos inerentes e, de forma prudencial, provisionou 100% da operação, afetando o lucro do 4T22.", informou o banco em relatório divulgado nesta quinta.
Em 2022, o banco registrou lucro líquido contábil de R$ 20,7 bilhões, um recuo de 21,1% em comparação com o ano anterior.
Em comparação com os três meses anteriores, quando reportou lucro líquido contábil de R$ 5,211 bilhões, a queda foi de 72,4%.
Já o lucro líquido recorrente (que desconsidera efeitos extraordinários) registrado pelo banco foi de R$ 1,595 bilhões, o que representa uma queda de 75,9% na comparação anual (R$ 6,613 bilhões) e de 69,5% em relação ao terceiro trimestre de 2022 (R$ 5,223 bilhões).
Reserva para calotes
Por conta do efeito Americanas , o banco mais do que triplicou suas reservas para calotes na comparação anual. Segundo relatório divulgado nesta quinta-feira, a provisão para devedores duvidosos (PDD) expandida somou R$ 14,881 bilhões no quarto trimestre de 2022 - esse valor era de R$ 4,283 bilhões em igual período de 2021. Em relação ao terceiro trimestre (R$ 7,267 bilhões), a alta foi de 104,8%.
Do total da PDD Expandida, cerca de R$ 4,9 bilhões foram reservados para cobrir o calote com a varejista.
Em nota oficial, o presidente executivo do banco, Octavio de Lazari Junior, indicou que além do impacto vindo pela reserva extraordinária, o resultado também foi afetado pelo impacto negativo da margem com o mercado e pelo aumento da inadimplência no crédito para o segmento massificado de pessoas físicas e jurídicas em razão da alta da inflação, o que afetou a renda dos clientes.
“O Bradesco possui historicamente uma importante exposição aos segmentos de baixa renda e pequenas empresas. Nós consideramos esse posicionamento de mercado estrategicamente correto, mesmo que neste ciclo estejamos sofrendo com a inadimplência. Acreditamos que esse posicionamento se provará mais uma vez acertado ao longo do tempo, como resultado dos devidos ajustes que estamos promovendo no custo de servir a todos os clientes”, afirmou o executivo.
"Estamos trabalhando intensamente em nosso objetivo de alcançar retorno recorrente de pelo menos 18%", completou.
Segundo Lazari, o resultado 2023 será ainda impactado por maiores provisões. “No segmento massificado o crescimento de provisões acompanhará a expansão da carteira, e, no atacado, teremos provisões normalizadas”, disse em nota.
Entenda o caso Americanas
A varejista enfrenta uma série de processos de investigação após o escândalo contábil reportado pela companhia no mês passado, quando descobriu "inconsistências em lançamentos contábeis" da ordem de R$ 20 bilhões.
A notícia deixou o mercado em polvorosa e fez com que o então presidente da companhia, Sergio Rial, e o diretor de relações com investidores, André Covre, deixassem a empresa menos de 10 dias após serem empossados.
A empresa entrou com pedido de recuperação judicial, que foi aceito no mesmo dia pelo juiz Paulo Assed Estefan, da 4ª Vara Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro. A companhia está, agora, no chamado "prazo de blindagem", um período de 180 dias no qual todas as suas dívidas ficam suspensas.
Os credores, no entanto, continuam defendendo seus casos na Justiça – o que inclui o Bradesco.
O banco pediu, por exemplo, busca e apreensão de e-mails institucionais de diretores da Americanas e de integrantes do conselho da empresa, com o objetivo de reunir provas em processos judiciais.
Operações de crédito e margem financeira
A carteira de crédito expandida do banco registrou avanço de 9,8% no quarto trimestre em relação ao mesmo período de 2021, chegando a R$ 891,9 bilhões, com destaque principalmente para as linhas voltadas às pessoas físicas, que tiveram um aumento de 12,6% no período, a R$ 361,1 bilhões. A carteira de pessoas jurídicas, por sua vez, subiu 7,9% na mesma base de comparação, a R$ 530,8 bilhões.
A inadimplência da instituição, por sua vez, ficou em 4,3% nos três meses encerrados em dezembro, valor que responde a uma elevação de 1,5 ponto percentual (p.p.) em relação a igual intervalo do ano passado e de 0,4 p.p. ante o trimestre anterior.
A margem financeira total do Bradesco, por sua vez, alcançou aproximadamente R$ 16,7 bilhões no quarto trimestre de 2022, uma queda de 1,7% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Em 2022 como um todo, a margem financeira somou R$ 66,4 bilhões - nesse caso, alta de 3,8% ante 2021.
O Retorno sobre Patrimônio Médio (ROAE) trimestral ficou em 3,9%, um recuo de 13,6 p.p. em 12 meses e de 9,1 p.p. em comparação ao 3º trimestre. (Fonte: g1)
Fonte: Notícias Feeb/PR