Nos últimos trimestres, o Banco do Brasil chegou a apresentar lucros recordes. Além disso, as ações do BB ainda estão em nível acima do registrado no começo deste ano. (Por Silvio Suehiro) - foto Paulinho Costa feebpr -
No entanto, os investidores seguem atentos às possíveis consequências da entrada do novo governo, juntamente com as perspectivas para o Banco do Brasil em 2023.
Fundado em 1808, o Banco do Brasil tem o propósito de “ser próximo e relevante na vida das pessoas em todos os momentos”.
Há mais de 200 anos, existiam somente três bancos emissores no mundo quando o então príncipe-regente D. João VI, recém-chegado à colônia – obrigado a deixar Portugal, invadido pelas tropas de Napoleão -, decidiu criar o Banco do Brasil.
O Banco do Brasil foi a primeira empresa listada em bolsa de valores do Brasil. O governo federal é o principal acionista do banco, detendo 50,00000011% do total de ações.
BB registrou lucro recorde neste ano
Nos nove primeiro meses deste ano, o Banco do Brasil reportou um lucro líquido de R$ 22,8 bilhões, o que representa um valor recorde.
Somente no terceiro trimestre, o BB registrou lucro líquido ajustado de R$ 8,4 bilhões. Isso equivale a um aumento de 62,7% em relação ao mesmo período do ano passado.
Em nota, o Banco do Brasil alegou que o resultado obtido “é reflexo de alavancas que alicerçam a sustentabilidade do seu retorno no longo prazo:
Os resultados do Banco do Brasil no 3T22 ficaram acima do previsto pelo mercado. Os analistas do BTG Pactual, por exemplo, afirmaram que a instituição reportou “um lucro surpreendente”.
Após a divulgação do balanço trimestral, o BTG Pactual apresentou recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 50, no relatório que argumentava por que vale a pena investir no Banco do Brasil,.
A XP Investimentos também apresentou recomendação de compra para as ações do Banco do Brasil, com preço justo de R$ 57,00.
A mudança de governo e o BB
Com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, os investidores vêm observando as possíveis consequências do novo governo sobre o Banco do Brasil. Em alguns discursos, o petista indicou que planeja retomar a função social da instituição, com foco em realizar políticas públicas.
Em declaração feita no início de novembro, Lula chegou a desconsiderar a privatização do Banco do Brasil. Segundo ele, “as empresas públicas brasileiras voltarão a ser respeitadas”.
O presidente eleito ainda declarou que “muitas coisas que são consideras como gastos nesse país temos que passar a considerar como investimento”.
Ao Suno Notícias, os analistas da Terra Investimentos, Régis Chinchila e Luis Novaes, afirmam que os dois principais pontos de atenção que preocupam os investidores são o modelo de gestão a ser adotado e a decisão de remunerar os acionistas do Banco do Brasil.
“O governo eleito possui um posicionamento diferente em relação aos dois últimos presidentes sobre as estatais: mais importante do que os resultados, está a função social desempenhada pela companhia, e isso significa que a rentabilidade do banco não está à frente da capacidade de fornecer crédito para setores em desenvolvimento da economia”, comentam.
A equipe de análise observa que o segundo ponto “seria a distribuição dos resultados”. E completam: “O governo eleito deve dar preferência ao reinvestimento dos lucros e limitar os dividendos aos acionistas, pois a distribuição é vista como subaproveitamento do capital”.
Crédito subsidiado por bancos públicos
Durante o governo de Dilma Rousseff, foi observado um alto volume de crédito subsidiado por bancos públicos.
No caso do futuro governo de Lula, a equipe de análise da Terra Investimentos lembra que, durante a campanha eleitoral, o petista afirmou que o vê o Banco do Brasil como um impulsionador de crescimento: “Portanto, o mercado deve imaginar que o banco seguirá essa linha”.
Ele acrescenta: “Talvez o método utilizado não acarrete os mesmos problemas das gestões anteriores, ou sejam parcialmente compensados pelos frutos da gestão atual. De fato, esse é um dos pontos de atenção dos investidores que avaliam o banco.”
O especialista em renda variável da SVN Investimentos, Pedro Queiroz, afirma ao Suno Notícias que “hoje, quando olhamos para o Banco do Brasil, não é uma racionalidade no processo [subsidiar taxas]”.
Ele entende que isso acaba não sendo um risco somente para o Banco do Brasil, apesar de ganhar um market share em um primeiro momento: “Mas é um tipo de crédito que não traz retorno para o banco, e pode trazer certo risco.”
Queiroz afirma ainda que essa possibilidade pode complicar todo o setor, e que outros bancos não conseguiriam competir com o BB subsidiando taxas. (Fonte: Suno Notícias)
Notícias Feeb/PR