Informação foi base para decisão da Justiça do Trabalho, que determinou que banco cumpra medidas para coibir as práticas e proteger vítimas (POR ANA FLÁVIA CASTRO)
A Caixa Econômica Federal recebeu, entre abril de 2019 e julho de 2022, 205 denúncias de assédio sexual que, em maioria, foram arquivadas. A informação foi divulgada em ação do Ministério Público do Trabalho movida no Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT-10), em Brasília.
Nessa quarta (26/10), uma liminar determinou que o banco cumpra medidas para combater as práticas e acolher vítimas de assédio sexual, moral ou discriminação entre os funcionários.
Na decisão, o juiz Pedro Luís Vicentin Foltran sustenta que “as denúncias de casos de assédio moral e sexual dentro da empresa aumentaram significativamente com o passar dos anos, fato que revela que a entidade não vem adotando medidas práticas capazes de reduzir efetivamente ou extirpar este tipo de ilícito”.
O documento não detalha quantas denúncias foram arquivadas nem a justificativa usada pelo banco. Contudo, o magistrado argumenta que o aumento das denúncias em 2022 expressa o “clima de inércia” e “impunidade” denunciado pelo Ministério Público do Trabalho.
“Confirmando a sinalização de que as condutas dos assediadores tem sido toleradas ou chanceladas pelo comportamento permissivo da impetrada em relação aos seus dirigentes e seus prepostos”, completa.
Diante do contexto, o magistrado argumenta que as investigações contribuem para a existência de práticas como “assédio, discriminação, perseguição, intimidação, pressão excessiva alcançados por meio de atos contra a honra e diminuição dos empregados” dentro da estatal.
Denúncias
Em junho deste ano, um grupo de funcionárias decidiu romper o silêncio e denunciar as situações pelas quais passaram na estatal. Elas acusaram Pedro Guimarães, ex-presidente do Banco, de assédio sexual. O caso foi revelado pela coluna do jornalista Rodrigo Rangel, do Metrópoles.
Todas elas trabalham ou trabalharam em equipes que servem diretamente ao gabinete da presidência da Caixa. Cinco concordaram em dar entrevistas, desde que suas identidades fossem preservadas. Elas disseram que se sentiram abusadas por Pedro Guimarães em diferentes ocasiões, sempre durante compromissos de trabalho.
As mulheres relataram toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites heterodoxos, incompatíveis com o que deveria ser o normal na relação entre o então presidente do maior banco público brasileiro e as funcionárias sob seu comando.
A iniciativa dessas mulheres levou à abertura de uma investigação, que está em andamento no Ministério Público Federal. (Fonte: Metrópole)
Notícias Feeb/PR