PRESIDENTE DO BRADESCO DIZ QUE TERMINOU DE CORTAR O MATO ALTO, SE REFERINDO ÀS DEMISSÕES DE BANCÁRIOS

07/12/2020

Octavio Lazari Júnior, presidente do Bradesco, é um dos maiores entusiastas das reformas do governo Bolsonaro que prejudicam os trabalhadores (Por Carlos Vasconcellos)

A ganância, crueldade e desumanidade dos banqueiros não têm limites. Em referência ao corte de mão de obra através da política de demissão em massa de trabalhadores, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Júnior, disse em teleconferência que “agora, no quarto trimestre, nós terminamos de ‘cortar o mato alto’. E, a partir de 2021, será tiro no sniper. Nós iremos no detalhe de cada área para sermos mais eficientes”, declarou, causando grande indignação e mal-estar entre os bancários. A palavra “sniper”, significa franco-atirador.

“É impressionante a crueldade dos banqueiros, que tratam o trabalhador como se fora “mato” que precisa ser cortado e não vidas humanas, famílias, que precisam de seus empregos para o sustento e são na verdade, o maior patrimônio das empresas, pois os empregados constroem toda a riqueza dos patrões”, critica o diretor do Sindicato dos Bancários do Rio, Sérgio Menezes.

Para o sindicalista, a expressão “franco-atirador” deixa escapar que o banco ainda prepara a última bala para exterminar mais empregos.

“A sociedade precisa saber que os bancos e grandes empresas privadas no Brasil acham que eficiência é explorar, assediar, adoecer e demitir. Vamos continuar denunciando essa desumanidade com paralisações, protestos e campanhas nas redes sociais”, acrescenta Menezes.

O Bradesco já demitiu cerca de dois mil trabalhadores em todo o país. Na sede do Sindicato, no Rio, não para de chegar bancários que foram dispensados para realizar a homologação. O Departamento Jurídico da entidade sindical tem conseguido reverter inúmeras dispensas ilegais, como no caso de empregados doentes, em licença médica e no período de pré-aposentadoria.

Santander e Itaú não permitiram que os funcionários demitidos fizessem a homologação no Sindicato, mas na própria empresa, o que torna o trabalhador mais vulnerável no que se refere à proteção de seus direitos.

A Reforma Trabalhista (lei 13.467/2017) revogou os §§ 1º e 3º do art. 477 da CLT, desobrigando a empresa de fazer a homologação junto ao sindicato da categoria. A mudança de regras aconteceu no governo Michel Temer, que assumiu a presidência da República após o golpe na presidenta Dilma Rousseff. O projeto foi elaborado pelo então Ministro da Fazenda Henrique Meirelles, sob a promessa de gerar milhões de novos empregos, o que de fato não aconteceu.

Os bancos apoiaram o golpe da Dilma e o governo Temer. O presidente do Bradesco é um dos maiores entusiastas do governo Jair Bolsonaro e fez o papel de garoto-propaganda das reformas neoliberais impostas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em evento com mil agentes do sistema financeiro em Nova York, nos Estados Unidos, no ano passado. (do site da FEEB/PR)

 

 

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