Novaes disse em entrevista que deixou o banco por não ter se adaptado “à cultura de privilégios, compadrio e corrupção de Brasília”
Senadores querem ouvir o ex-presidente do Banco do Brasil Rubem Novaes sobre a motivação de sua demissão. Jorge Kajuru (Cidadania-GO) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apresentaram requerimentos nesse sentido, que ainda serão lidos no Plenário.
À frente do BB desde o início do governo Bolsonaro, Novaes renunciou na sexta-feira (24). No dia seguinte à saída, ele disse em entrevista que decidiu deixar o banco por não ter se adaptado “à cultura de privilégios, compadrio e corrupção de Brasília”.
“Pela dimensão do Banco do Brasil, uma das maiores instituições financeiras da América do Sul, temos a obrigação de ouvir o senhor Rubem Novaes para que ele detalhe o que viu de privilégios, compadrio e corrupção nos 18 meses em que esteve na presidência do banco oficial”, justifica Kajuru no requerimento.
Já Randolfe afirma que Novaes disse no pedido de renúncia que o BB precisa se renovar para "enfrentar os momentos futuros de muitas inovações no sistema bancário”. Para o senador, é preciso que o ex-presidente esclareça o que o levou a se afastar de uma das maiores instituições financeiras do país.
“Trata-se de uma colocação que traz enorme preocupação, pois pode indicar que grupos criminosos estão interessados em avançar sobre o gigantesco patrimônio do Banco do Brasil, assim como pode evidenciar que o senhor Rubem Novaes tomou conhecimento de tentativas de práticas de corrupção durante sua gestão”, explicou.
Polêmicas
De acordo com outros senadores que também se manifestaram nas redes sociais, o Banco do Brasil esteve no centro de algumas polêmicas nos últimos meses. Uma delas foi a venda, por R$ 371 milhões, de uma carteira de crédito que tem R$ 2,9 bilhões em dívidas vencidas.
Outro fato citado como de desgaste para o banco foi a investigação do Tribunal de Constas da União (TCU) sobre gastos da instituição com publicidade em sites que divulgam notícias falsas. O TCU determinou a suspensão dos contratos de publicidade relacionados em sites, blogs, portais e redes sociais que propagam fake news.
“Rubem Novaes quer sair à francesa, mas tem muito o que explicar sobre sua gestão no Banco do Brasil. Amigo de Paulo Guedes, ele financiou blogs bolsonaristas e vendeu, sem leilão, uma carteira bilionária ao BTG, banco privado fundado por Guedes”, disse o líder do PT, senador Rogério Carvalho (SE).
“O ex-presidente do BB pode ficar tranquilo: se o cerco de investigações apertar, Bolsonaro poderá premiá-lo com uma fuga para o Banco Mundial, talvez acobertado por autoridades do Itamaraty, como no caso Weintraub!”, afirmou no Twitter o senador Fabiano Contarato (Rede-ES), ao comparar o caso ao do ex-ministro da Educação Abrahan Weintraub, que pediu demissão para ocupar cargo no Banco Mundial e teria recebido apoio do Itamaraty para obter visto diplomático de entrada nos Estados Unidos. (Fonte: Agência Senado) do site da FEEB/PR