O recente episódio envolvendo o presidente Jair Bolsonaro e o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, não ocorreu em um bom momento para a Caixa Econômica Federal. Isso porque o banco estatal, através da subsidiária Caixa Seguridade, mantém há alguns meses negociações com a estatal francesa CNP Assurances em torno de um contrato de R$ 4,6 bilhões pelas operações de seguro de vida, prestamista (atrelado a financiamentos) e previdência. Desde a chegada do governo Bolsonaro, os brasileiros tentam renegociar esse acordo de 20 anos para conseguirem condições financeiras mais favoráveis.
Retaliação
A postura de Bolsonaro, que cancelou encontro com Le Drian e na mesma tarde apareceu em uma transmissão ao vivo cortando o cabelo, desagradou o governo Emmanuel Macron. Após o ocorrido, Le Drian disse que “ao que parece, houve uma emergência capilar”. Nos bastidores, o governo Macron colocou pressão para que a estatal CNP seja mais dura nas conversas. CNP e Caixa são sócias desde 2001.
Um olho no peixe… Apesar de o contrato em questão ter sido fechado no ano passado durante governo Michel Temer, a nova gestão da Caixa orientou a revisão de todos os negócios do banco – inclusive com os franceses. Embora até mesmo a cifra já estivesse combinada, a sócia europeia aceitou voltar à mesa, já que a parceria com os brasileiros tem peso em seus resultados: o Brasil é o segundo maior mercado da CNP no mundo, atrás somente da França.
…outro no gato. Não bastasse isso, a CNP também está de olho nas demais parcerias que a Caixa oferece ao mercado, principalmente para explorar o ramo de seguro habitacional, tida como a joia da coroa devido à liderança em financiamento imobiliário do banco brasileiro. A francesa é considerada a principal candidata em arrematar o negócio, tem todo interesse nisso, e o contrato é importante para as duas partes, mas o “episódio capilar” entre Bolsonaro e Le Drian parece ter gerado ruídos. Procuradas, Caixa Seguridade e CNP não comentaram.
Túnel do tempo
O casamento entre Caixa e CNP começou em 2001, quando a francesa comprou o controle da seguradora das mãos do fundo de pensão do banco, a Funcef, após determinação regulatória proibir fundações de deterem participações acima de 25% no capital de uma empresa. Na ocasião, o Goldman Sachs assessorou a venda. A CNP levou o negócio com uma oferta de R$ 1 bilhão pela fatia de 50,75% da Funcef. (Fonte: Estadão) do site da FEEB/PR