Foto: Seeb-SP
Bancários, químicos, metalúrgicos, professores, servidores públicos... Diversas categorias estão reunidas na manhã desta quarta-feira 20, na Praça da Sé, centro da capital paulista, para protestar contra o projeto de reforma da Previdência do governo Bolsonaro, que vai tornar a aposentadoria um sonho impossível para os brasileiros.
A Assembleia Nacional na Sé foi chamada pelas centrais sindicais (CUT, Força Sindical, Intersindical, CTB, Nova Central, CGTB, CSP-Conlutas e CSB) para organizar a mobilização e resistência da classe trabalhadora contra a PEC (proposta de emenda constitucional) que está sendo apresentada pelo governo, também na manhã desta quarta-feira 20, ao Congresso Nacional.
“Aqui é só o começo de uma grande luta contra esse ataque, o maior ataque contra a classe trabalhadora da história”, disse o coordenador da Central de Movimentos Populares, Raimundo Bonfim.
“A luta hoje é por um direito básico dos trabalhadores, a Previdência Social”, reforçou o secretário-geral da CUT nacional, Sérgio Nobre.
A proposta de reforma da Previdência do governo eleva as idades mínimas de aposentadoria de 65 anos para homens e 62 para mulheres e estabelece o mínimo de 20 anos de contribuição. Também acaba com as aposentadorias por tempo de contribuição, após um período de transição. E para ter direito ao benefício integral será preciso contribuir por 40 anos.
A Proposta de Emenda à Constituição também prevê a implantação de regime de capitalização individual, no qual cada trabalhador terá de administrar sua poupança para a aposentadoria. As regras desse novo sistema dependerão da aprovação de lei complementar.
Atualmente pode-se aposentar ao alcançar 60 anos, no caso das mulheres, e 65 anos, para homens, com 15 anos de contribuição. E para a aposentadoria por tempo de contribuição, não é requerida idade mínima: as mulheres precisam ter contribuído por 30 anos e os homens por 35 anos.
Calendário de mobilizações
Durante a assembleia foi tirado um calendário de lutas que prevê, além de atos públicos, mobilização nos locais de trabalho e nos bairros de todos os municípios do País. O objetivo é dialogar com toda a população e esclarecer as consequências nefastas das propostas apresentadas por Bolsonaro.
“Na convocação de grandes atos unitários, destacamos o 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, e o 1º de Maio, Dia do Trabalhador”, diz trecho do documento aprovado pelos trabalhadores na Assembleia Nacional.
Além disso, foi deliberado “a realização de um dia nacional de lutas e mobilizações em defesa da Previdência Social Pública e contra o fim da aposentadoria, em data a ser estabelecida pelas centrais sindicais, como parte da Jornada Nacional de Lutas em defesa da Seguridade e a Previdência Social”. Confira a resolução aprovada na íntegra.
Afeta quem mais precisa
O Sindicato dos Bancários de São Paulo participou do ato. Antes da Assembleia Nacional na Sé, a entidade percorreu locais de trabalho para conversar com bancários e bancárias sobre a reforma da Previdência e consultá-los sobre a mobilização. Todos os 7 mil bancários ouvidos se mostraram dispostos a lutar para manter seu direito à aposentadoria, realizando greves, paralisações temporárias e pressionando os parlamentares a votarem contra a PEC de Bolsonaro.
“Esse ato de hoje é muito importante para o governo saber que a classe trabalhadora não concorda com essa reforma. Os trabalhadores entraram em um jogo, que é ir para o mercado de trabalho pensando que um dia vão se aposentar, e a regra desse jogo é alterada a todo tempo. Para quem hoje está próximo de 50, 55 anos, e já contribuiu por 30 anos, essa regra já mudou duas vezes. E agora querem mudar pela terceira vez. E sem a participação de quem contribui. O dinheiro que está lá é dos trabalhadores. Não dá para mudar a regra do jogo o tempo todo”, denuncia a presidenta do Sindicato, Ivone Silva, bancária do Itaú.
“Para a aposentadoria integral serão 40 anos de contribuição! Também estão querendo enfiar goela abaixo da população a capitalização da Previdência, que sabemos, por experiências de outros países, que não funciona”, acrescenta Ivone, conclamando os trabalhadores a pressionarem os deputados: “Trabalhador, comece a enviar e-mails, entrar nas redes sociais de deputados e senadores, e fale para eles que você não concorda com essa reforma”.
Fonte: Sindicato dos Bancarios de São Paulo