Os bancos públicos passam por uma debandada de funcionários nos últimos anos. Só na Caixa Econômica Federal (CEF), mais de 24 mil deixaram os quadros desde 2014, quando ocorreu o último concurso para os cargos de técnico bancário, advogado e médico. A validade da seleção foi preservada por decisão judicial dois anos depois. Um comunicado interno publicado em meados de janeiro devolveu o assunto à pauta e anunciou a intenção de chamar 2,5 mil novos empregados.
A notícia é boa para quem faz parte da lista de aprovados à espera de uma oportunidade. Entretanto, nenhum detalhe foi divulgado por fontes oficiais do banco sobre como será a distribuição dos profissionais ou quando ocorrerão as nomeações. Enquanto esperam, muitos candidatos buscaram a Justiça do Trabalho individualmente para garantir sua convocação.
Validade paralisada
O processo seletivo ocorrido há quatro anos previa validade de um ano e foi prorrogado por igual período. Sendo assim, nos trâmites normais, não seria mais possível aproveitar quem tirou boas notas nas provas. Entretanto, o Ministério Público do Trabalho (MPT) foi acionado em 2016 e propôs ação para que a Justiça do Trabalho não proibisse os concursos sem previsão de vagas quando fizesse a CEF aproveitar os aprovados.
A ação civil pública foi acatada e, por decisão da juíza Natalia Rodrigues, da 6ª Vara do Trabalho de Brasília, não só a validade foi paralisada até o fim dos trâmites judiciais, mas a Caixa ficou proibida de realizar novas seleções com objetivo exclusivo de formar cadastro de reserva. A magistrada também solicitou a apresentação de um estudo de dimensionamento do quadro de pessoal e exigiu a admissão de pelo menos 2 mil funcionários.
Até junho de 2016, foram realizadas 3.187 convocações de um total de 32.879 aprovados, pouco menos de 10% de aproveitamento. Na ação, o banco alegou que o cenário era de diminuição de quadros motivada por demissão voluntária, aposentadoria e dispensa. De fato, em pouco tempo a CEF teve uma queda considerável no número de funcionários.
Enxugamento de quadros
Segundo dados divulgados nos balanços periódicos, em 2014, a Caixa contava com cerca de 110 mil bancários e 3,4 mil agências. Esse quantitativo passou a ser de quase 86,4 mil no terceiro trimestre do ano passado. E novos enxugamentos devem ocorrer, pois, de acordo com a Fanae, novas propostas de planos de demissão voluntária (PDVs) estão previstas para este ano.
Por determinação do atual governo, 90 mil é o limite máximo de empregados do conglomerado, incluindo a Caixa Participações e a Caixa Seguridade. A determinação foi publicada no Diário Oficial da União, em 9 de janeiro, com efeito imediato.
Carreiras bancárias
As carreiras bancárias sempre foram vistas como porta de entrada no mundo dos concursos. Os bancos públicos se tornaram centro dos holofotes por terem seleções frequentes e alto número de convocações nos anos 2000. Perderam o status com o tempo e a redução de oferta de seleções e do prazo de validade, antes de até quatro anos, para metade do tempo.
Por outro lado, configuraram constantes embates com o MPT em razão da grande quantidade de terceirizados, especialmente em áreas como tecnologia da informação. Para justificar a frequência e o corte do tempo de aproveitamento da lista de candidatos habilitados, alegaram a concorrência com instituições financeiras privadas e a alta rotatividade de profissionais.
Assim como a CEF, o Banco do Brasil também promoveu um encolhimento de despesas cortando funcionários. Só nos últimos dois anos, foram mais de 12 mil profissionais e mais 4 mil desde que as ações de reestruturação de atendimento, modernização dos processos e incentivo à aposentadoria começaram a vigorar.
As provas são consideradas de média complexidade e já foram aplicadas por bancas examinadoras como a Fundação Carlos Chagas (FCC) e Cebraspe (antigo Cespe/UnB). São cobrados conhecimentos de língua portuguesa, matemática, conhecimentos bancários, raciocínio lógico, atualidades, ética e legislação específica, além da redação como prova discursiva. (Fonte: Metrópole) do site da FEEB/PR