Em comunicado interno emitido no final da semana passada, a Caixa Econômica Federal informou que pretende contratar concursados aprovados no concurso público de 2014. A decisão foi anunciada pelo presidente do banco, Pedro Guimarães, em visita à Diretoria de Gestão de Pessoas, em Brasília (DF), e reafirmada na viagem que fez a Boa Vista (RR). Informalmente e sem dar muitos detalhes, ele teria falado em 2.500 contratações.
O presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, avalia que a retomada das convocações é positiva, mas que isso não basta. “Essa é uma luta da Fenae e de outras entidades. Os empregados estão mais sobrecarregados e adoecidos a cada dia. Não adianta chamar 2.500 concursados e forçar a saída de 5 mil, 10 mil trabalhadores com planos de demissão e aposentadoria”, critica. Ele acrescenta: “Guimarães diz querer ‘oxigenar’ a Caixa, mas isso não se faz com a simples troca de antigos por novos. É preciso reforçar o quadro de pessoal. Ao contrário, no entanto, já se fala em novos PDVs a partir deste ano”.
A Caixa encerrou 2014 com pouco mais de 101 mil empregados. Naquele ano, no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2014/2015, a direção do banco se comprometeu a realizar mais 2 mil contratações, o que elevaria o total para além dos 103 mil. De lá para cá, porém, mais de 16 mil deixaram a empresa, principalmente por meio dos planos de desligamentos. Não se sabe ao certo quantas contratações foram feitas, mas dos mais de 30 mil aprovados no último concurso público, menos de 10% foram convocados. Hoje, são cerca de 85 mil empregados.
Dionísio Reis, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), ressalta o crescimento da empresa a partir de 2003. “Ela tinha 57 mil trabalhadores e 2.126 agências naquele ano. No final de 2014, ultrapassamos a marca dos 101 mil bancários e das 3.400 agências. Isso ocorreu porque cresceu a importância da Caixa, e também como resultado da campanha ‘Mais Empregados para a Caixa, Mais Caixa para o Brasil’”, relata.
Ainda de acordo com Dionísio Reis, que também é diretor da Região Sudeste da Fenae, a campanha que cobra contratações na Caixa continua rodando o país. “Temos ido sobretudo às agências onde a população mais sente falta de empregados. Desde 2017, também realizamos e participamos de dezenas de audiências públicas e seminários nas Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais, defendendo a importância da Caixa e de outras empresas públicas”, diz.
O presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, faz outro alerta: a redução do quadro de pessoal é apenas uma das medidas que integram o plano do governo para reduzir a atuação e o tamanho da Caixa. “A atual gestão federal já deixou claro que deseja fatiar o banco, entregando ao setor privado áreas como cartões, seguros, assets, loterias e a gestão do FGTS, por exemplo. Isso não interessa aos empregados e à sociedade em geral”, frisa.
A não convocação dos aprovados no concurso público realizado pela Caixa em 2014 é alvo de Ação Civil Pública ingressada pelo Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal e em Tocantins. No dia 6 e outubro de 2016, veio a vitória em primeira instância. Na decisão, a juíza Natália Queiroz, da 6ª Vara do Trabalho de Brasília, postergou a validade do certame até o trânsito em julgado da ação. (Fonte FENAE)