FUSÃO DO ITAÚ UNIBANCO

06/11/2018


Especialistas criticam concentração e dizem que Itaú Unibanco precisa olhar para fora (Anaïs Fernandes)

O processo de concentração bancária pelo qual o Brasil passou na última década poderia inviabilizar hoje uma fusão da magnitude da travada entre Itaú e Unibanco em 2008 e que levou à criação do maior banco privado do país.

A avaliação é de Fernando de Magalhães Furlan, ex-presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e atual presidente da ABCB (Associação Brasileira de Criptomoedas e Blockchain).

Furlan foi o relator no órgão antitruste no caso da fusão entre os bancos.

“À época, fizemos uma análise bem detalhada. Claro que é sempre ruim perder concorrência, mas entendemos que, apesar da concentração, existia bastante concorrência de bancos médios. Naquele momento, não era algo que preocupasse. Talvez hoje fosse diferente”, afirma.

Furlan observa que em dez anos a concorrência no sistema financeiro brasileiro mudou significativamente. Ele cita como exemplo a compra da operação brasileira do britânico HSBC pelo Bradesco, concluída em 2016 por R$ 16 bilhões, em valores da época.

“Não sei se hoje o Cade aprovaria a fusão [entre Itaú e Unibanco]. De lá para cá a concorrência do sistema financeiro, principalmente de grandes bancos, caiu muito”, diz Furlan.

O negócio entre Itaú e Unibanco foi aprovado no Cade em 2010 por unanimidade. Antes, passou pela Seae (Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda), foi acompanhada pela SDE (Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça) e recebeu o “sim” do Banco Central.

“Fui procurado pelos dirigentes dos bancos, que comunicaram a intenção de fazer a fusão. Eu disse que competia a eles a decisão estratégica e que poderiam prosseguir que o assunto seria analisado”, conta Henrique Meirelles, presidente do BC à época.

Segundo Meirelles, para dar seu aval, a autoridade monetária analisou aspectos da concorrência e questões sobre o reforço do sistema, que passava por um momento delicado.

A fusão entre os dois bancos não pode ser compreendida fora do contexto da crise financeira global de 2008, que ajuda a explicar em parte também o aperto concorrencial no país.

Segundo João Augusto Salles, analista da consultoria Lopes Filho, o momento gerou uma crise de liquidez internacional e expôs fragilidades do Unibanco.

“O banco não tinha a característica de uma instituição focada em um produto ou nicho, mas também não tinha o porte de um grande banco. Era um banco médio fazendo tudo. Em uma situação de crise, ou você tem escala ou foca; se ficar no meio disso, o bicho pega”, diz.

De acordo com Istvan Kasznar, professor da FGV Ebape (Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas), o Unibanco já vinha enfrentando problemas antes.

“Tinha sinalização no mercado de que a tesouraria estava truncada, isso gera onda especulativa. E não era a primeira vez que o Unibanco era procurado para aquisição”, afirma.

Para Salles, da Lopes Filho, sem a fusão, o Unibanco poderia ter uma sobrevida de dois a três anos.

“Eles olharam para frente e viram que essa fragilidade poderia desembocar em insolvência. Esse cenário turvo ajudou a remeter à fusão.”

Desde que o negócio foi fechado, o valor de mercado do Itaú Unibanco saltou de R$ 108 bilhões para mais de R$ 300 bilhões. O banco também fez importantes aquisições, como a da área de varejo do Citibank no Brasil.

“O mercado hiperconglomerou, temos cinco grandes bancos controlando boa parte dos recursos”, afirma Kasznar.

“Esperamos que o presidente eleito tenha condições de voltar a abrir o mercado para estrangeiros, que trazem tecnologia, capital, conhecimento e criam emprego no país”, acrescenta.

Apesar de o negócio entre Itaú e Unibanco ter colaborado para achatar a concorrência, Ricardo Rocha, do Insper, diz que a fusão de duas culturas diferentes criou uma instituição sólida.

“O Itaú tinha essa característica de buscar a máxima eficiência da organização. Já o Unibanco tinha a inovação como fator principal. Hoje, temos um banco com ambas as competências”, afirma o professor.

“De alguma maneira isso é positivo porque pressiona os outros grandes bancos.”

Segundo Meirelles, o sistema financeiro brasileiro se mostrou forte e resiliente a crises, e as chamadas fintechs (empresas do setor financeiro fundamentadas em tecnologia) são um próximo passo para aumentar a concorrência.

“O sistema está preparado para isso, é bastante capitalizado e tem condições de enfrentar um novo cenário de concorrência, principalmente no crédito digital”, afirma.

Ainda assim, Rocha diz que um ambiente de negócios mais plural exigiria que o Brasil ao menos dobrasse o número de grandes bancos no país nos próximos anos, para algo em torno de dez.

“Não é factível imaginar que as fintechs vão substituir os bancos. Elas são complementares”, afirma.
Recentemente, o Itaú deu um passo importante em direção a esse novo mercado, apontam especialistas, após a aquisição de 49,9% da XP.

A maior plataforma de investimentos do país conquistou clientes se vendendo como uma espécie de shopping de ativos.

Mas as autoridades regulatórias, sobretudo o Banco Central, foram duras para liberar o negócio.

O acordo proíbe, por exemplo, tanto o Itaú Unibanco quanto a XP de adquirirem controle ou participação em corretoras, distribuidoras ou plataformas abertas de investimentos por oito anos.

“Se o banco quiser continuar crescendo, vai ter que ser por outro caminho, olhando para fora, para a América Latina. Aqui já está muito consolidado, é um crescimento vegetativo, que acompanha o mercado”, diz Salles. (Fonte: Folha.com) do site FEEB-PR

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