Sem nenhuma negociação, banco determina que avaliação negativa na Gestão de Desempenho de Pessoas resultará em perda de função; Sindicato cobra revogação imediata da medida e audiência com o presidente da empresa para debater a questão
Arte: Marcio Baraldi
Mais uma canetada da direção da Caixa determinou que apenas uma avaliação negativa na Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP) pode resultar em apontamento para descomissionamento (MO21182).
A medida, que consta na nova versão (041) do RH 184, publicada nesta segunda-feira 25, vale para todas as funções comissionadas, mas afeta particularmente os gestores.
A avaliação na GDP tem relação direta com as metas e muitas vezes é baseada em critérios arbitrários, impostos pela chefia, e seu resultado sofre interferências de problemas fora do controle dos empregados comissionados, como crise econômica e diminuição do consumo de produtos bancários; elevação dos custos das tarifas da Caixa; ou ainda aumento da taxa de juros, que pode levar clientes a fecharem a conta no banco.
“Ou seja, a Caixa passa a penalizar a carreira de empregados que têm uma história no banco por conta dessas questões externas ao trabalho de cada um”, afirma Dionísio Reis, diretor executivo do Sindicato dos Bancários e coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa).
“Hoje, a direção do banco deixa clara sua intenção de lucrar com a redução salarial dos empregados e soma mais um item a sua sanha de descomissionamento. Não à GDP e fim da verticalização e dos descomissionanentos arbitrários”, cobra o dirigente.
O Sindicato dos Bancários cobra a revogação imediata da versão 041 do RH 184 e o agendamento de audiência com o presidente do banco, Nelson Antônio de Souza, para discutir a medida arbitrária. O fim da GDP também é uma cobrança permanente dos trabalhadores debatida no 34º Conecef e incluída na pauta específica de reivindicações dos empregados da Caixa, que será negociada com a direção do banco na Campanha Nacional 2018.
Garantia de 60 dias: bancários devem denunciar
A versão 033 do RH 184, de 2016, determinava o descomissionamento sumário no caso de o empregado receber um apontamento (MO21182). Mas após negociação, o movimento sindical conseguiu extinguir a possibilidade de perda de função na análise preliminar dos processos de apuração. Além disso, o empregado só poderá ser descomissionado após o segundo apontamento (MO21182) que só poderá ocorrer após 60 dias do primeiro.
Apesar de a Caixa agora ter incluído a GDP no MO21182 como razão de apontamento para descomissionamento, os empregados ainda têm o prazo de 60 dias. Os bancários que levarem apontamentos de descomissionamento (MO21182) ou anotação negativa na GDP devem denunciar ao Sindicato dos Bancários antes do prazo de 60 dias, através de um dirigente sindical ou WhatsApp (45 99807-3412). O sigilo é absoluto.
Em 2016 e 2017, o movimento sindical realizou plenárias com os trabalhadores para discutir os descomissionamentos arbitrários. Os debates resultaram em 12 propostas que foram encaminhadas à direção do banco. A Caixa só cedeu em não retirar a função dos empregados durante análise preliminar de processos disciplinares e criou um prazo de 60 dias no qual a comissão dos empregados indicados pelo MO21182 não pode ser retirada.
“Além de ter se negado a implantar a maioria das medidas debatidas com os trabalhadores, agora a direção do banco publicou essa decisão, sem nenhuma negociação, e pretende usar a GDP como uma máquina para descomissionar”, protesta Dionísio.
“A direção do banco havia firmado o compromisso de não alterar normativos negociados sem prévia negociação, mas implantou sem nenhum diálogo, isso é um ataque à negociação coletiva”, afirma o dirigente.
A direção da Caixa projetou lucro de R$ 9 bilhões em 2018. O movimento sindical é contrário à meta de lucratividade (a campanha Tamo Junto 9Bi+), pois entende que essa política resultará na redução do papel social do banco.
“O descomissionamento por meio de avaliação negativa na GDP é uma forma de reduzir custos cortando cabeças a fim de aumentar a lucratividade. Uma medida que afeta não só os empregados, mas também revela a visão exclusivista da atual gestão do banco e que precariza o atendimento à população de mais baixa renda, que terá cada vez menos gerentes para atendê-la”, critica Dionísio.